quinta-feira, 11 de junho de 2009

Perde eleição quem bate em estudante

Carlos Chagas

Tem mais, além das centenas de milhares de votos de fumantes que José Serra arrisca-se a perder nas eleições presidenciais, em função do boato de que, eleito, proibiria o cigarro em todo o território nacional. Quantos votos perdeu o governador esta semana ao permitir tropas de choque da Polícia Militar invadindo a USP e agredindo estudantes e professores em greve?

A implicância de Serra com o fumo ainda se explica, apesar de suas drásticas iniciativas desde que ministro da Saúde, obrigando os fumantes a comprar maços de cigarro com horripilantes fotografias de mutilados de todas as idades. Seu projeto de lei proibindo fumar em locais públicos foi um exagero por vetar a existência de fumódromos, mas implicar com professores e estudantes pode ser fatal. Na campanha, certamente serão expostas fotografias e apresentados filmes de policiais descendo o cassetete nos jovens.

Falta uma assessoria eleitoral ao candidato, não adiantando alegar “que ele é assim mesmo”, “que está demonstrando autenticidade” e “que o país precisa de ordem”. Nem tanto, governador, nem tanto. A greve na USP poderia ser resolvida através do diálogo e da tolerância, em especial em se tratando de um ex-presidente da União Nacional dos Estudantes. Seria bom lembrar que Carlos Lacerda perdeu a condição de candidatar-se a presidente da República quando, jornalista que era, determinou a censura em diversos jornais do Rio, nos idos de 1964.

Não fala mas aceita

Michel Temer recusa-se a opinar sobre o noticiário que o aponta como possível companheiro de chapa de Dilma Rousseff. Mas fica feliz por seu nome estar sendo lembrado. Para ele o PMDB só se definirá no tempo oportuno, diante da sucessão presidencial. Reconhece, porém, duas tendências nas bases do partido: não ter candidato próprio e decidir mais tarde sobre o apoio a Dilma ou acoplar-se à candidatura do governador de São Paulo, de um lado, e, de outro, buscar a candidatura partidária através de pesquisa junto as bases estaduais e municipais. No momento, o PMDB forma com o presidente Lula e seria natural reunir-se à indicação da chefe da Casa Civil, mas é preferível aguardar.

Para o presidente da Câmara, o partido deve buscar entendimento com o PT, nas eleições de governador, mas tendo presente a necessidade de preservar seus espaços. Dispondo de nove governadores, o caminho natural seria manter e até ampliar esse número. Não aceita a sugestão de se convocar um Congresso revisor da Constituição, mas acredita que Câmara e Senado poderiam reunir-se, no início da próxima Legislatura, para enxugar a carta atual e adaptá-la aos novos tempos. Jamais, porém, decidindo por maioria absoluta. Depois dos debates, deputados e senadores votariam separados, nas respectivas casas, votando uma grande emenda constitucional pelo quorum de três quintos.

Michel Temer integra a corrente jurídica que prescinde da Lei de Imprensa, lembrando que as garantias fundamentais dos meios de comunicação encontram-se estabelecidas na Constituição. No máximo, poderia ser aprovada a regulamentação do direito de resposta.

Reconhece que a votação em listas partidárias, proposta da reforma política, levaria os caciques dos partidos, num primeiro tempo, a colocar-se na frente dos demais correligionários, mas, com a sucessão de eleições, as bases corrigiriam a distorção. Acha o financiamento público das campanhas um aprimoramento do processo eleitoral, até porque as doações privadas estão diminuindo de eleição em eleição, dado o rigor com que a Justiça Eleitoral aprecia essa prática.

Licenciado da presidência do PMDB, e com mandato até março do próximo ano, sugere a realização de congressos estaduais e, depois, um congresso nacional, para só em seguida reunir-se a convenção nacional para a escolha de seu sucessor.

Não acredita no terceiro mandato, rejeitado pelo próprio presidente Lula, e condena a prorrogação dos mandatos por dois anos como proposta anti-democrática, já que os mandatários são eleitos por tempo determinado. O PMDB tem seis ministros e não reivindica novos postos e funções no governo.

Eu sou você amanhã

Para experientes observadores da cena política, o PT é o PSDB de ontem, e o PSDB, o PT de tempos atrás. Nada mais irônico do que assistir os companheiros justificando todas as iniciativas e omissões do governo, ao tempo em que os tucanos opõem-se a qualquer atitude oficial. A pergunta que se faz é se depois das eleições presidenciais do ano que vem, as antigas cadeiras serão novamente ocupadas pelos dois partidos, dependendo de quem for o vencedor.

Doutrinas e ideologias partidárias deixaram de existir faz muito, ficando meio ridículo assistir a troca de camisas em público, sem pudor.

Quando setembro vier

As iniciativas estão em aberto, a respeito da próxima sucessão presidencial. Só a partir de setembro ficará claro se a ministra Dilma Rousseff continuará candidata, tanto por razões eleitorais quanto por questão de saúde. A partir daí se decidirá a respeito do terceiro mandato para o presidente Lula ou a prorrogação de todos os mandatos por dois anos. Parece inviável, porém, a substituição da candidata por outro companheiro. Mais complicada seria a adesão do PT a candidaturas de outros partidos. Como a reforma política não passará, mesmo, o remédio é aguardar.

3 comentários:

  1. Certamente o Serra está arriscando perder votos de fumantes, mas isso não significa que é mau negócio. Precisamos considerar quantos votos de não-fumantes o Serra ganha com sua posição contra o tabagismo.

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  2. Como fumante - vício de que não me orgulho -, não votarei, de maneira alguma, no Serra. Não por seu antitabagismo, mas por sua atitude fascista de peseguir os que fumam. Creio que os não-fumantes que nele votarão, por essa atitude, não são a maioria, mas aquela minoria que, na falta do que fazer, implicam com tudo aquilo que difere de sua maneira de ser ou ver o mundo. Abaixo o autoritarismo; o lema é "Viva e Deixe Viver!"

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  3. Nunca em governo nenhum mesmo no tempo da Ditadura de Vargas e dos militares a corrupção esteve tão presente como neste governo de ex assaltantes e pretensos guerrilheiros. Esse ex marginal de porta de fabrica nada faz pelo nosso Pais e de nada sabe ou não foi informado. O Brasileiro de vergonha tem de agir e estirpar da politica homens como ele.

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