Pedro do Coutto
O IBGE divulgou na terça-feira em todos os jornais –as melhores matérias foram as de O Globo e de O Estado de São Paulo- que, no semestre outubro de 2008 a abril de 2009, o Produto Interno Bruto do país recuou 4,4%, embora os técnicos do Instituto esperassem mais. O consumo, entretanto, evoluindo 0,7%, já descartada a inflação, sinalizou a reação da economia este ano já que a descida no t5rimestre outubro-novenbro-dezembro foi muito forte.
A afirmativa conduz a uma surpresa natural. Pois se o produto como um todo desceu como o consumo terá conseguido subir? A substituição dos restaurantes pelos supermercados, especialmente nos finais de semana, não dá para explicar numa primeira análise. Que fazer? Esperar mais esclarecimentos. Entretanto, a questão essencial, não é só esta. Há sempre pontos que devem ser iluminados.
É que ao longo dos últimos seis meses nasceram no Brasil um milhão de pessoas, consequência da taxa demográfica anual de 1,2% e de a população formada por 190 milhões de pessoas. Para o período de seis meses, claro, deve ser considerado um aumento de população de ordem de 0,6%. Produto Interno menor, população maior, renda per capita também menor. Pois ela resulta da divisão do PIB pelo número de habitantes. O recuo da renda per capita, claro, influi negativamente no mercado de empregos. Estou colocando estes aspectos para destacar, como sempre faço, que é básico interpretar-se corretamente os números. Eles têm personalidade. Nem sempre muito aparente.
Veja-se, por exemplo, o que está acontecendo com os saldos das contas do FGTS. Quem examinar os extratos que recebe vai verificar que a correção aplicada no mês de fevereiro foi de 0,43%. A de março apenas 0,29%. Como a taxa inflacionária anual encontra-se, segundo o próprio IBGE, no patamar de 6%, as oscilações aplicadas ao FGTS são menores do que a inflação. São juros negativos. E tais juros negativos prejudicam os valores do trabalho e o próprio direito dos trabalhadores. Com uma inflação de 6% ao ano a correção mínima mensal teria de ser de 0,5%. Para empatar. Como não está empatando, os assalariados estão perdendo. Para quem? Para a Caixa Econômica Federal, segunda agência financeira do governo, que administra o FGTS.
As pesquisas de op9inião pública, como a do Ibope que acaba de sair, assinalam que a imagem da administração Lula não foi afetada pela crise financeira. Até pelo contrário. No campo da avaliação pessoal do residente da República, ela inclusive melhorou no início deste mês em relação ao que era em março. Voo de cruzeiro, firmíssimo para Lula. Seu diálogo com a sociedade continua ótimo. Inclusive sua candidata à sucessão, Dilma Roussef, está avançando consolidando a segunda posição. Na frente, Serra continua mantendo expressiva vantagem.
Mas não se pode deixar de considerar que poderá ser abalado pelos acontecimentos, marcados pela violência policial, ocorridos na Universidade de São Paulo. Será possível que o governador paulista não consiga adotar uma política mais flexível em relação aos funcionários e estudantes da USP? Logo ele, que estava na presidência da UNE quando explodiu o movimento militar de 31 de março de 64. Em política, às vezes um fato acarreta um desmembramento. Não estou afirmando que vá acontecer. Apenas colocando a hipótese.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
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Descobri porque a renda per capita diminuiu: cada vez mais, temos menos cabeça.
ResponderExcluirMas quanto menos cabeças maior seria o PIB, não!!??
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