sexta-feira, 19 de junho de 2009

Quércia abre o jogo

Carlos Chagas

Em entrevista ao programa “Falando Francamente”, na TV-Educativa Paraná, o ex-governador Orestes Quércia abriu o jogo: apóia a candidatura de José Serra à presidência da República e pretende levar o PMDB a essa decisão, como presidente do diretório de São Paulo. Acredita que o governador paulista tem condições de retomar o desenvolvimento nacional de forma ordenada e até torce para que Dilma Rousseff venha a ser a candidata do PT, porque em suas palavras as chances de vitória seriam muito grandes.

Mesmo respeitando a indicação da chefe da Casa Civil, Quércia entende que ela não chegará a lugar algum se desenvolver sua campanha em torno do PAC, porque o PAC é uma ilusão. Se Dilma for apresentada como “mãe do PAC”, logo chegará à conclusão de que precisará ter outro filho eleitoral.

Para o ex-governador, a popularidade do presidente Lula é inegável, mas deve-se ao fato de o país viver um bom momento econômico pela simples explicação de que seguiu em gênero, número e grau a política do antecessor, Fernando Henrique. Mas o governo do PT, em seu entender, é “ruim de serviço”. O PMDB participa do governo, mas jamais de suas decisões. Se fosse chamado a dar um conselho ao presidente Lula, coisa que não acontecerá, diria simplesmente que ele esquecesse o terceiro mandato, manobra antidemocrática e contrária às instituições. A alternância no poder é fundamental. A aliança com os tucanos envolve uma candidatura do PSDB ao palácio dos Bandeirantes, com um vice do DEM e uma das vagas de senador para o PMDB.

Diploma de médico? Para quê?

Agora que o Supremo Tribunal Federal acabou com a necessidade do diploma para o exercício do jornalismo, a nova investida dos neoliberais não vai demorar. Pretenderão, como meta, extinguir a obrigação do diploma de médico para o exercício da medicina... Será a alegria dos curandeiros, mas segue na linha absurda da supressão que atingiu os meios de comunicação. Afinal, se é para acabar com os cursos superiores ordenados e imprescindíveis às principais profissões, logo estarão pregando o direito de os açougueiros, com todo o respeito a eles, poderem entrar nos hospitais e operar pacientes de apendicite. Ou não dispõem, os açougueiros, da arte de cortar carne, assim como qualquer cidadão poderá ter nascido com o dom de escrever?

A liberdade de expressão, alegada pelos meretíssimos do STF, nada tem a ver com o preparo dos profissionais da mídia, apesar de ter sido esse o maior argumento para a decisão da última quarta-feira. Pelo contrário, facilitará aos setores corporativistas e radicais da mídia a imposição de seus interesses diante da importância de as notícias serem verazes e objetivas.

Outro absurdo

Continuando na análise de decisão judiciais, que devem ser cumpridas e jamais desrespeitadas, mas ainda passíveis de críticas, tome-se o que fez um juiz singular em São Paulo. Concedeu liminar para proibir a divulgação pelo prefeito Gilberto Kassab da relação dos 162 mil funcionários da prefeitura, bem como seus vencimentos.

Só se entenderá essa reivindicação do sindicato dos funcionários admitindo-se a existência de irregularidades na concessão dos vencimentos. Existirão servidores ganhando mais do que o teto estabelecido pela lei? Ou gente que recebe sem trabalhar?

Tomara que essa decisão não venha a interferir na disposição do presidente do Senado, José Sarney, de divulgar o nome de todos os funcionários da casa, bem como os respectivos vencimentos. Porque pela movimentação corporativista do sindicato da classe, também alegam a privacidade constitucional para encobrir sabe-se lá o quê. Ou não recebem dos cofres públicos tanto os funcionários da prefeitura paulistana quanto os servidores do Senado? Se o público fica proibido de saber como gastam o seu dinheiro, melhor seria convencerem o Congresso a aprovar uma Constituição-secreta...

Ato contra a soberania

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados considerou constitucional a PEC que torna o serviço militar facultativo em todo o território nacional. Se aprovada a proposta no plenário e, depois, no Senado, extingue-se a obrigatoriedade de todo cidadão brasileiro servir às Forças Armadas. Só irá para o quartel quem quiser, poupando-se os herdeiros dos ricos e das elites de conviver com o Brasil real. Trata-se de mais um fator para ampliar o fosso existente entre a população. Vestindo a farda, por pouco tempo que seja, o jovem rico ou pobre adquire consciência de nossa soberania e de seu dever para com a unidade nacional. Ficando de fora, perderá os valores essenciais à cidadania e um dia, se a nação precisar dele, saltará de banda em nome de sua condição social. Patriotismo, para ele, equivalerá a anacrônica lembrança do passado. Foi assim que a Argentina perdeu a Guerra das Malvinas...

Um comentário:

  1. "Quércia abre o jogo"
    Não obstante o prontuário do homem, de política ele entende. PSDB, DEM e PMDB, Presidente, Vive e Senador (ele) ganham a eleição contra a Dilma PACote. Até agora só falam bem dela. Na hora do pega pr'a capá, aparecerá o passado dela, como o Collor fez com o Lula. E o Lullalá II (segundo mandato) sabe disto. Portanto, aposto na candidatura do Lullalá III (terceiro mandato). Aí a briga vai ser de foice no escuro. Será uma das eleições mais disputadas, parelhas em tudo, desde baixaria, da história da República. O Partido dos Trambiqueiros, ex-PT, não quer entregar a chave do cofre e para o Serra será a última chance, até pela idade.
    Martim Berto Fuchs.

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