quinta-feira, 4 de junho de 2009

DESEMPREGADOS NOS EUA: 16 MILHÕES. DESEMPREGADOS NA UE: 18 MILHÕES

Já existe uma visivel onda de propagação a respeito da recuperação da economia no mundo. A ordem é dar a impressão cada vez maior de OTIMISMO. E quem for apenas analista, isento, bem informado e sem qualquer interesse pessoal ou de grupo deve ser imediatamente identificado como PESSIMISTA.

E como, apesar da crise financeira transformada em economica ter assustado o mundo inteiro, o "sistema" (também chamado "stablishment" por alguns pedantes, tipo FHC) não foi atingido.

E continua favorecendo orgãos de comunicação, sejam os tradicionais (radios, jornais, revistas e televisões), ou os de tecnologia mais avançada, como a internet e seus sucedâneos.

(A proposito disso: é impossivel deixar de ler a entrevista dom maior gangster da comunicação, o australiano Hupert Murdoch, dono do maior conglomerado de de jornais e canais de televisão aberta e por assinatura, além de dominar também a internet.

Entre outras coisas, afirmou: "Com crise ou sem crise, os jornais impressos vão desaparecer no máximo em 15 anos".

Há muitos anos, não leio nada igual. E só não chamo de montanhas de besteiras, por uma razão: ele considera que vai faturar muito mais sem os jornais impressos e que a maior fonte de faturament será a internet).

O presidente do FED (Banco Central americano) foi ontem a uma Comissão do Congresso. Munido de uma dose gigantesca de OTIMISMO, não conseguiu convencer ninguém, nem Democratas nem Republicanos. Principalmente porque foi inteiramente contraditorio, dizia uma coisa que dava a impressão de que o mundo caminhava serenamente. Era sua opinião. Mas quando mostrava os numeros, estes, verdadeiros, destruiam suas proprias afirmações.

"A crise economica está dominada, caminhamos para a completa recuperação".

"A recessão acaba em dezembro (sabe até o mês), a economia vai recuperar a tranquilidade".

"Temos que tomar cuidado com o desempregro que atinge 8,9 por centoda força de trabalho". (Como todos se dirigem ao publico, falam em código, por que não diz quantos desempregados existem hoje nos EUA? Como a força de trabalho é de 170 milhões de pessoas, esses quase 9 por cento representam mais ou menos 16 milhões de sem trabalho. Por que não dãoos numeros que ficam escondidos em percentagens "codificadas"?)

A UE (União Europeia), nesse caso, age com mais isenção, tranquilidade e não esconde os numeros. Os responsaveis pela administração da crise, já disseram e repetiram: "Estamos com 18 milhões de desempregados". Não se esconderam por detrás de percentagens, deram logo os numeros verdadeiros.

OS EUA, apesar de alavanca da crise, ainda representam a maior potencia mundial. Contaminaram o resto do mundo com essa "crise dolariana" contra a qual não existe vacina. Temos que torcer por eles (e pela China, por motivos opostos). Fomos a vida inteira servos, submissos e subservientes, agora sofremos e pagamos pela independencia que nunca tivemos.

A CRISE FINANCEIRA surgiu lá, se transformou em CRISE ECONOMICA sem que tivessemos qualquer participação, mas ficamos com a parte terrivel porque não podemos nos recuperar sozinhos.

Se os EUA não tivessem naufragado também, poderia ser dito: "Os EUA fabricaram a crise financeira (agora crise economica) para atingir a China". Motivo? O seguinte, espantoso. Nos ultimos anos, a China vinha crescendo 10 por cento ao ano na verificação do seu PIB. Agora, lutam para manter esses 10 por cento de crescimento. Razão principal: se crescerem, digamos, 9 por cento estarão "fabricando" mais 7 milhões e meio de DESEMPREGADOS. Se o seu PIB crescer "apenas" 8 por cento, serão mais 15 milhões de sem trabalho. Não se esqueçam nem confundam: MAIS 15 MILHÕES além dos que já existem.

PS- Depois de tanta exibição de OTIMISMO falso e vazio, vendo que não enganava ninguém, o presidente do FED resolveu dismistificar a si mesmo. E disse: "É preciso olhar o deficit publico que está muito alto, acima de 1 TRILHÃO E 800 BILHÕES DE DOLARES". E concluiu que não é facil reduzir esse deficit.

PS2- Com a maior tranquilidade (agora não estava mentindo), concluiu: "Esse deficit pode impedir o fim da recessão e comprometer a RECUPERAÇÃO da economia". Aqui no Brasil é preciso examinar a fala do presidente do FED com isenção e sem omissão. A crise ainda é muito grande, "os sinais" que dizem "estamos vendo recuperação", não passam de incompetência.

2 comentários:

  1. Bom dia Hélio,

    Já leio o seu blog há algum tempo, mas só recentemente resolvi participar das discussões. Não discordo de você, mas gostaria de fazer algumas ressalvas:

    1-os números da economia raramente são verdadeiros, seja porque utilizamos processos de ciência exata para "ciência social" (tem um livro fantástico do Boaventura Sousa Santos sobre esse tema - Um discurso sobre as ciências) ou porque a metodologia aplicada é deliberadamente manipulada. Existe um índice nos EUA para acompanhar as tendências do mercado imobiliário: o S&P Case-Shiller. Esse índice trabalha unica e exclusivamente com os dados de residências unifamiliares e que tenham sido comercializadas no mínimo duas vezes em um determinado período. Residências multifamiliares, estabelecimentos comerciais e industriais e principalmente a oferta de novos estoques não são considerados pelo S&P Case-Shiller em sua metodologia. Porque então o utilizamos? Simples: na falta de tu, vai tu mesmo. É o que temos para trabalhar, então o usamos até que algo melhor apareça. Mas ao utilizá-lo, temos que considerar suas deficiências e sempre lembrar que ele não é "verdadeiro", enquanto percepção da realidade a qual ele se propõe.

    2-Embora esse mesmo índice apresente sinais de recuperação para algumas cidades, outras ainda não encontraram o fim do poço (http://financeirourbano.blogspot.com/2009/05/crise.html). A princípio, essa indecisão em nível nacional parece ser boa, pois indica que a queda pode ter chegado ao fim - embora a recuperação ainda demore. O que acontece, porém, é que parece que ninguém aprendeu nada com esta crise. Explico-me: meu irmão mora em Las Vegas e está comprando uma casa. Os papéis aprovando o financiamento ainda não sairam, mas ele já foi informado de que o seu financiamento já está sendo vendido para outros agentes financeiros; que provavelmente o passarão para frente e assim por diante. Para transformar esses papéis em outros ativos mobiliários, como digamos - derivativos (o nome provavelmente irá mudar, mas o conceito permanecerá o mesmo) - é apenas um pulo. Então, a despeito dos números da economia para cima ou para baixo, a atitude das pessoas que causaram a crise e que continuam trabalhando da mesma forma é que me preocupa.

    3-Quanto aos sinais de recuperação, não acredito que sejam incompetência. Talvez sim o reflexo do grande fluxo de capitais que os governos injetaram nas empresas. Gostaria só de saber se eu também poderia participar da festa; afinal de contas esse é o sonho de qualquer dono de negócio: quando as coisas estão bem, o lucro é meu, quando as coisas estão mal, o governo me socorre e eu prometo que não irei despedir ninguém - até que o dinheiro acabe e o governo não me dê a mesada novamente....

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  2. E eu fico pensando... porque é que no Brasil também não fornecem os números verdadeiros sobre o desemprego?

    Com uma população de 200 milhões, o número de contribuintes para a previdência social é de pouco mais de 20 milhões. O número de desempregados é de, oficialmente, 2 milhões. E os outros 175 milhões são o quê, velhos e crianças?

    Ah, tá... Agora conta aquela do papagaio...

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