terça-feira, 9 de junho de 2009

Camara dos Comuns, apogeu da democracia, que inveja, na comparação com o Brasil

É a mais antiga e a mais democrática de todas as "casas" que representam o povo. Seu regimento de mais de 200 anos é único no mundo. Foi criada quando constataram que a Grã-Bretanha não possuía representatividade vinda do povo. Tudo era dominado pelos Lords, fosse na política, na economia e principalmente na justiça.

A Camara dos Comuns (a começar pelo nome) foi pensada, estabelecida e executada para ser realmente a "casa do povo", sem qualquer participação da aristocracia (ou nobreza) que dominava então o país.

Primeiro ponto a ser colocado no regimento, como insubstituível e irrevogável: "O Rei (ou Rainha) jamais poderia entrar na Camara dos Comuns, por vontade própria ou convite de qualquer deputado".

A Rainha Vitoria (importante, digamos, já nessa fase do Império sem a força daqueles que dominaram cruelmente o Poder, assassinavam, enriqueciam, casavam entre as "casas aristocráticas" que dominavam a Europa) jamais entrou na Camara dos Comuns.

O mesmo acontecendo com a Rainha Elizabeth, há 60 anos no Poder sem ter nunca ido à Camara dos Comuns. E pode prolongar esse tempo para 150 anos que não irá. É respeitada, mas seguida ou ouvida. Simbolo da nova Monarquia, que se traduziu assim: "O Rei reina, mas não governa".

A rainha Vitoria, citadissima por "historiadores", manda o pirata Morgan queimar as terras produtivas da Jamaica (que estão lá até hoje, agora como monumentos para turistas). Mas tinha que aceitar Disraeli como Primeiro-Ministro, apesar de ter horror a ele. Disraeli, uma das maiores figuras da Grã-Bretanha, duas vezes Primeiro-Ministro. E seu discurso (de improviso), quando completava 40 anos e ainda não era Primeiro-Ministro, se comparando a Gladstone (Primeiro-Ministro), é antológico.

Outro ponto que firmou e consolidou a Camara dos Comuns como o apogeu da representatividade é este. Só podiam se candidatar cidadãos que tivessem títulos CONQUISTADOS e não DOADOS. O que significa isso? Medicos, engenheiros, advogados, arquitetos (na época, as profissões eram poucas) podiam pertencer à Camara. Marquês, Barão, Conde, Visconde, Duque e, lógico, Lordes, estavam impedidos de disputar um lugar nessa "casa". E o voto até hoje e sempre é DISTRITAL. Podiam se candidatar a exercer o mandato cidadãos das mais humildes profissões, a Camara era e é dos COMUNS.

Churchill depois de vencer a guerra contra a tirania, ganhou o titulo de Lord. Não o recebeu, queria voltar à Camara dos Comuns em 1946 e ser novamente Primeiro-Ministro. Como o VOTO É DISTRITAL (como nos EUA, representa diretamente o povo) foi derrotado. Morreria anos depois, seu enterro foi dos maiores da historia. Contradição? Não, apenas Churchill era importante demais para defender uma comunidade de 117 mil pessoas.

Tony Blair (que assumiu como uma das grandes esperanças de renovação da vida publica) foi reeleito e logo depois derrubado pelo próprio partido. Margareth Thatcher, de extrema-direita e sempre contra o povo, foi eleita para 4 mandatos. Cumpriu 3, o partido dela não suportou mais, derrubou-a no inicio do que seria o quarto mandato.

Agora o fato pode se repetir com Gordon Brown. Era chanceler de Tony Blair (grande amigo), liderou movimento para demiti-lo, ficou com seu cargo. No momento, está se mantendo pela falta de Etica e de caráter.

A oposição precisa de 75 votos na Camara para convocar convenção extraordinária e discutir o mandato de Gordon Brown. Como a eleição geral será em maio, é possível que não consigam tira-lo do cargo. Mas a grande preocupação é a DERROTA, tais os erros cometidos pelo Gabinete de Brown.

De qualquer maneira, mesmo ficando agora, Brown não será mais nada. Se o partido ganhar, o Primeiro-Ministro será outro. Se perder, não poderá andar nas ruas e deixará de morar na bela residência de Dowing Street, 10.

PS- Transferindo para o Brasil, dois fatos rigorosamente verdadeiros e nada democráticos. A televisão francesa chamou Nelson Jobim, Ministro, de BAVARDE. É a mais perfeita identificação já feita sobre ele: "Paspalhão, fanfarrão, que se exibe falando sobre o que não conhece". Devia ao menos ter respondido.

PS2- O outro episodio envolve FHC, que também poderia ser chamado de BAVARDE varias vezes. A ultima: quer que Serra seja presidente para ir para a ONU como Embaixador. Pretendia comemorar os 80 anos lá, lembrando "com orgulho" que "Lula jamais poderá ocupar esse cargo".

6 comentários:

  1. Meu caro Helio:
    Você deve ter assistido o Sergio Gabrieli no programa Roda Viva, da Tv Cultura. Foi o drible da vaca nos jornalistas a soldo do entreguismo e das privatizações/doações.O Âncora global e os colegas entrevistadores mostraram completo despreparo. A indústria do petróleo é de alta complexidade e dela eles entendem tanto quanto eu da teoria da relatividade.O chefete Heródoto Barbeiro convenceu-me que jamais será "Cabeleireiro".

    ResponderExcluir
  2. Artigo muito oportuno, como sempre. E uma história, sem dúvida nenhuma, de dar inveja. Quando olhamos para a nossa Câmara de Deputados, lá na ilha da fantasia, dá vontade de chorar. Como podem esses senhores perderem a noção do ridículo, a tal ponto ? Eles não estão mais nem aí para a sociedade. Agem como se não existissemos. É um escárnio. Sem uma manifestação audaciosa da sociedade, não vai mudar nunca. E dizer que pode ser mudado pelo voto, é uma falácia, pois são eles que escolhem os candidatos. A nós cabe apenas referendar quem eles escolheram. Que falta fazem homens como Carlos Lacerda. Derrubava sozinho governos podres. Hoje temos homens como Pedro Simon, que denuncia as falcatruas, ainda bem, mas depois vai para casa dormir o sono dos justos.
    Martim Berto Fuchs.

    ResponderExcluir
  3. Jornalista Hélio Fernandes, lá tem a Câmara dos Comuns e nós, quando vamos ter o STF DOS COMUNS???????

    ResponderExcluir
  4. Hélio, essa história sobre o Senador Jereissati é verdadeira mesmo. Ele quis usar a água de Fortaleza de graça para sua coca-cola. O caso está no STF, quando será julgado??

    ResponderExcluir
  5. JORGE LUIZ SILVA SANTOS10 de junho de 2009 às 01:08

    Lembrando que a Câmara dos Comuns afirmou-se na História através de uma Revolução que decapitou um rei e afugentou outro.
    A princípio, era nada, eram os "comuns", isto é, nem da nobreza nem da Igreja. Depois tomaram consciência de que eram a totalidade__ e aí,"partiram pra cima" dos abusos da Realeza.Um rei decapitado e outro afugentado...

    ResponderExcluir
  6. É, se usarmos o processo da guilhotina para uma limpeza na Corte brasileira, quem sobrará ? Nos 3 departamentos da Corte, o que cuida de fabricar leis, o outro que deveria aplicá-las e o 3° departamento, o que deveria cuidar para que não sejam mal usadas, sobrariam bem poucos. Eles cuidam sempre e em primeiro lugar de garantir seus ganhos e mordomias. Se sobrar algum, é jogado de volta como um favor que nos fazem. Estão abusando cada vez mais da nossa paciência. Essa da redução do preço para a Petrobrás e redirecionar esses valores através do aumento de alíquotas para os cofres da Corte é o próprio
    escárnio, deboche. Como o PIB diminuiu e eles não querem abrir mão da gastança, nos aplicam mais esta.
    Martim Berto Fuchs.

    ResponderExcluir