sábado, 6 de junho de 2009

Aécio saiu na frente

Carlos Chagas

Claro que não estamos referindo as pesquisas eleitorais. Nelas, José Serra continua absoluto e Dilma cresceu um pouco. Mas Aécio Neves saiu na frente quando, esta semana, em Brasília, acentuou a necessidade de cada um dos pré-candidatos à presidência da República dizerem a que pretendem vir. Não apresentarem planos de governo, desde já, é óbvio, mas delinearem certas metas básicas, em condições de distinguí-los. Melhor dizendo, de marcá-los na memória dos eleitores como os defensores de objetivos definidos para o caso de conquistarem o poder.

Porque até agora sabia-se apenas que Serra, Dilma, Aécio, Ciro, Heloísa e outros queriam ocupar o palácio do Planalto, ignorando-se para quê. No máximo, ouvia-se, como ainda se ouve no caso dos outros, que Dilma Rousseff será a continuação do governo do Lula. José Serra levará para a capital federal sua experiência paulista. Ciro será a renovação e Heloísa, a revolução.

Pois Aécio, a partir de agora, apresenta metas capazes de diferenciá-lo dos demais, à maneira de Juscelino Kubitschek quando lançou-se na campanha apresentando desde o início a proposta de “Energia e Transporte”. O atual governador mineiro lançou sua primeira mensagem fulanizada ao anunciar o aprimoramento da gestão pública como primeira preocupação. Pode-se simplificar o conceito em uma palavra: eficiência, que significa a aplicação correta dos recursos públicos pelo governo, aprimoramento da máquina administrativa, quem sabe o seu enxugamento. Com o conseqüente prestígio ao funcionalismo estatal.

Dirão seus adversários não ser essa a maior prioridade nacional, e, por isso, ele acoplou uma segunda plataforma, o pleno emprego. Uma decorrência, em seu entender, da programação social do governo Lula. O bolsa-família deve ser continuado e até ampliado, mas jamais como um fim em si mesmo, ou seja, o assistencialismo deve conduzir à auto-sustentação dos beneficiados. O bolsa-família, em suas palavras, deve constituir um meio, um trampolim para a preparação do indivíduo para o trabalho. Coisa que pode levar a uma terceira meta, o desenvolvimento econômico apoiado na eficiência e na preparação do trabalhador.

São idéias ainda vagas, mas formam uma tentativa de estrutura de governo que Aécio pretende desenvolver. Pouco, mas muito mais do que se ouve de seus concorrentes.

Definida a data

Informa o senador Paulo Paim estar marcada a data para o Congresso apreciar o veto do presidente Lula ao reajuste dos aposentados que recebem mais do que o salário-mínimo. Será a 8 de julho, conforme o parlamentar gaúcho obteve da mesa do Senado, ou seja, do presidente José Sarney.

Protelada a votação, mês passado, muita gente imaginou que os defensores dos velhinhos haviam abandonado a luta, na previsão de que as lideranças do governo inventariam novas manobras para não precisar definir-se. A pressão dos aposentados, porém, aliada à determinação de parlamentares como Paim, leva o Congresso a enfrentar a questão. Parece difícil que o veto presidencial seja derrubado e que a justiça, afinal, se faça aos aposentados. A votação é secreta e o rolo compressor do palácio do Planalto permanece forte. Mesmo assim, importa à nação saber quem se oculta atrás das benesses do governo e quem se dispõe a exercer o mandato em favor dos necessitados.

A volta da sublegenda

As discussões em torno da sucessão de Ricardo Berzoini na presidência do PT fazem aflorar a evidência de que o partido, senão é uma federação de divergências, como o PMDB, será no mínimo um conglomerado de tendências distintas. Citam-se, no PT, grupos como “Construindo um Novo Brasil”, “Campo Majoritário”, “Mensagem ao Partido”, “Articulação de Esquerda”, “Movimento PT” e quantos mais? São partidos dentro do partido, cada um imaginando ostentar a pureza e os interesses do trabalhador, empenhados em sobrepor-se aos demais até com mais furor do que diante de outras legendas afins. Não vai ser fácil ao presidente Lula obter unanimidade em favor da candidatura de José Eduardo Dutra, apesar de parecer mais ou menos certa sua eleição, como representante do maior dos blocos referidos. A pergunta que se faz é se todos esses movimentos estanques apóiam Dilma Rousseff ou se pelo menos alguns mostram-se céticos e infensos a uma antecipação da unidade.

Preocupações variadas

Nos tempos do tonitruante presidente Ernesto Geisel, apenas bissextamente ele deixava transparecer que também era humano. Blindado pela couraça de conhecedor de todos os problemas e de todas as soluções nacionais, raríssimamente se queixava dos percalços de sua administração, como a crise do petróleo, a pressão dos generais radicais e a oposição dos liberais. Certa vez, porém, desabafou diante de um de seus mais leais assessores, o Secretário de Imprensa, Humberto Barreto: “Nem Copa do Mundo eu ganho!”

Referia-se ao antecessor, Garrastazú Médici, cuja popularidade aumentara por conta da vitória do selecionado brasileiro, em 1970. Pois em 1974, com Geisel no poder, nosso time foi catapultado sem glória. Coisa que, percebia o presidente, diminuíra ainda mais suas chances de popularizar-se.

O episódio se conta a propósito do presidente Lula. A próxima Copa do Mundo se realizará três meses antes da sucessão presidencial, em 2010. Popularíssimo como nenhum de seus antecessores, o companheiro-mór não foi prejudicado quando o selecionado brasileiro voltou sem o caneco, em 2006. Até reelegeu-se. Mas se perdermos de novo, agora na África do Sul, serão as urnas influenciadas?

3 comentários:

  1. mais um "aecista"... dureza um colunista de renome como o sr. Carlos Chagas ser tão superficial em suas análises políticas.

    Só espero que o povo não compre o pesadíssimo marketing da direita demo-psdbista-pmdbista-ppssista. Porque se o governo do PT/Lula não tem sido grande coisa, menos ainda tem sido os fraquissimos governos estaduais de aécio ou do serra...

    que venha Da. Dilma 2010.

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  2. Falando em marketing. Não há na história do Brail um governo que tenha empregado tão bem esta estratégia do marketing. Já são 8 anos fazendo uma tremenda publicidade do que VAI FAZER. E fazendo muito pouco do anunciado. Basta olhar o mais recente espetáculo, o PAC. Me lembra sempre um tal de Goebbels há 70 anos atrás. Aliás, até os nomes dos Partidos são iguais. Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães e Partido dos Trabalhadores, hoje ostentando o pomposo nome de Partido dos Trambiqueiros.
    Martim Berto Fuchs.

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  3. como sou educado e gentil, segue abaixo um link para exemplificar "goebbels" em MG.
    http://www.youtube.com/watch?v=UqEimwCupsQ

    O paulista é por demais público e notório em suas ligações com a "veja", o OESP, a FSP, a globo, etc e tal...

    Boa semana de trabalho a todos nós.

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