sábado, 30 de maio de 2009

A generosidade do BNDES e os emprestimos eternos à Light

Este artigo é repetido a pedido de centenas de pessoas. Explicação: foi publicado logo nos primeiros dias em que o site-blogue voltou (sábado, 16 de maio). Como não anunciamos em lugar nenhum, muita gente não sabia, não quer perder.

Ninguém deu tanto prejuízo ao Brasil e lucros a "investidores" de fora quanto a Light. A ultima calamidade foi a DOAÇÃO à Eletricité de France, estatal. No Brasil, diziam (aprenderam com FHC e o PSDB): "A Light não pode ser estatal". (Helio Fernandes)


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Esse banco, que tem como recursos os dinheiros do cidadão-contribuinte-eleitor, adora ajudar empresas multinacionais. (Ressalve-se, registre-se, ressalte-se: não agora, mas também agora).
Vem desde os tempos do nada saudoso Roberto Campos, era BNDE, depois passou a BNDES. Antes não tinha o S de Social, ganhou o S, mas continuou não sendo Social. Que Republica.

Quando se trata de EMPRÉSTIMO, favorece as potências, desde que não sejam nacionais ou então fajutadas de brasileiras. Agora a Eletrobras, uma fabulosa estatal - embora com direção (?) calamitosa - quer emprestimo para as obras de Angra 3, energia nuclear. O BNDES pede tempo.
Deu emprestimos escandalosos ao Bradesco (que não precisa de dinheiro), a juros inacreditavelmente BAIXOS, a um banco que cobra (como todos os outros) juros inacreditavelmente ALTOS.

O mais vergonhoso é o caso da Light. Nos últimos 109 anos, ninguém explorou mais o Brasil do que essa empresa, antigamente chamada de truste. Monteiro Lobato foi preso e depois asilado, porque dizia: "Quando acordo, fico logo revoltado, acendo a luz e começo a pagar royalties à Light, um dos piores trustes".

Durante 50 anos, o Major MaCrimon, presidente dessa Light, mandava no Brasil. Com sua morte, assumiu Antonio Gallotti, brasileiro, mas serviçal desse truste. Espertissimo, poderoso, "amigo e íntimo" de todas as potências, "arquitetou" (no Brasil, para arquitetar não precisa ser arquiteto, como Niemeyer e Paulo Casé) com os que estão no Poder. Gallotti tinha essa facilidade-empresarialmente-felicidade.

Em 1977/78, o "presidente" Geisel resolveu COMPRAR essa Light, que devia ser nacionalizada. DEPOIS de 99 anos, esse prazo já havia sido ultrapassado. Mas Geisel (que o Ministro Silvio Frota, nas "Memórias", diz: "Ele é comunista, eu sempre soube disso") resolveu comprar a Light, pagando uma fortuna.

Justificativa: "A Light não pode ser estatal". Mas foi vendida a uma estatal estrangeira, a Eletricité de France, que não entrou com dinheiro, tudo financiado pelo BNDES, por ordem direta do "presidente" Geisel. (Leiam ou peçam na coleção da Tribuna da Imprensa a campanha feita por esse reporter e Sebastião Nery , lógico, contra essa DOAÇÂO. Como é muita coisa, vejam apenas as matérias do Nery, é o suficiente).

A Eletricité de France ficou uns anos, resolveu se desfazer, entregar a um grupo formado exclusivamente para isso. A francesa GANHOU dinheiro, os TESTAS DE FERRO que entraram, se foram muito incompetentes (e SÃO), não investiram nada. Formaram uma empresa com TRÊS SÓCIOS: os HERDEIROS da Eletricité, a Odebrecht (empreiteira e, portanto, merecendo todas a dúvidas) e a Cemig, uma das maiores estatais de energia. A Cemig é a única defensável, por er estatal e servir à coletividade, com a geração e distribuição de energia.

E os possiveis lucros, que não ficam SEQUESTRADOS, como os outros dois, os herdeiros do nada (da Eletricité) e os faturadores de tudo (como a Odebrecht, acusadissima, sempre impune).

Essa Light, que EXPLORA o Brasil desde 1900, TOMOU (a palavra é exata) dinheiro do BNDES a juros baixissimos, e assim mesmo não paga. E por que o BNDES NÃO COBRA?

É porque no Brasil a CORRUPÇÃO e a EXPLORAÇÃO formam grande e unida família, sempre contra o cidadão-contribuinte-eleitor. Vejamos se a Eletrobrás (apesar de estar na mão de uma quadrilha incompetente) OBTERÁ o emprestimo. Se não OBTIVER, voltaremos, com munição da pesada, sempre informando e defendendo a comunidade.

3 comentários:

  1. Jornalista Hélio Fernandes!

    Parabéns pela abordagem da matéria sobre a Light, só mesmo no Brasil um governante "comprar algo" que já é de direito.
    Outra coisa, estou deveras satisfeito com seu blog, estava sentindo muita falta de suas matérias , e também dos jornalistas da Tribuna da Imprensa.

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  2. Faltou atualização do artigo. Atualmente a composição da Light, segundo a Bovespa é a seguinte:

    RME - Rio Minas Energia Participações SA - 49,38%
    Lidtil Comercial Ltda - 2,74%
    Edf Internacional S.A. - 6,57%
    Bndespar - 33,62%
    Outros - 7,69%

    Já a RME é composta da seguinte maneira, segundo parecer do Cade de 2006:

    JLA Participações S.A. - 25%
    Andrade Gutierrez Concessões S.A. - 25%
    Pactual Energia Participações S.A. - 25%
    CEMIG - 25%

    Um artigo do Wikipédia trabalha um pouco diferente essa distribuição acionária, mas como artigo da Wikipédia não é confiável...

    De qualquer maneira, se a Odebrecht participou em algum momento do processo, ela não participa mais; porque não falar então da situação atual da empresa, bem como de seus acionistas?

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  3. A questão da Light é emblemática mas, infelizmente, não é exceção. Outros casos, como o da Vale por exemplo, mancham a história do BNDES, que é um típico exemplo de uma boa idéia posta nas mãos erradas.
    O BNDES só empresta para quem não precisa. Criando diversas dificuldades para aqueles que realmente necessitam de financiamento.
    Esses são obrigados a procurar os "Bradescos da vida" a juros que beiram a agiotagem.

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