quarta-feira, 13 de maio de 2009

Dona Dilma: tentava conquistar o coração do povo, inesperadamente atingida perto do proprio coração

Ramalho Ortigão, notável escritor português e cronista diario, ("As Farpas") num momento de falta de assunto, escreveu sobre o imponderavel, uso u o nada para se livrar da obrigação. Mas como mesmo no nada há sempre muita coisa num escritor, alguém que ele não conhecia, resolveu responder. E Ramalho Ortigão, fulminando o audacioso: "Saia do meu personagem, desapareça, você não é meu personagem".

Dona Dilma Housseff não podia dizer isso antes, não pode dizer isso agora. E jornalistas não podem deixar de escrever sobre ela que era personagem nacional pelo fato de ser possível, previsível e até possível candidata a presidente da Republica. E no momento, é mais do que personagem, é personalidade, que viverá e até sobreviverá, politica e eleitoralmente, mas nas manchetes de todos os orgãos de comunicação.

Do ponto de vista estratégico, Dona Dilma obteve notável rendimento, divulgando os fatos, antes que surgissem as versões. Com o país inteiro chorando e rezando por ela, (mesmo adversarios, inimigos ou que não iriam votar nela) a doença propriamente dita está circunscrita e limitada ao que ela pessoalmente trouxe a público. Mesmo que se façam descobertas que não confirme o que ela revelou, pelo menos durante 4 meses nada pode ser acrescentado.

Mas politica e eleitoralmente, todas as analises são possiveis, permitidas e obrigatorias, pela própria condição da ministra, de presidenciavel. E presidenciavel de um sistema que está no Poder e que sem ela, não tem quem colocar no lugar, a não ser que fique tudo como está, pelo menos a té 2014. (No mínimo).

Mesmo que a doença não ultrapasse os 4 meses de "quimioterapia linfatica", a polemica irá durar mais tempo. Os políticos do mundo inteiro não gostam que saibam que têm alguma doença, escondem o mais possivel o mal que os atingiu. (Até hoje especulam sobre a morte de Tancredo Neves, que estaria sabendo da doença, mas só iria se tratar depois da posse.Verdade ou não, o fato é que não foi empossado, nem saiu do hospital).

E a pergunta obrigatoria e irrespondivel: quando é que um cancer pode ser considerado curado? Não importa que seja adjetivado como "linfatico", pois muitos deles começam como "linfaticos", e ultrapassam esse limite. E mesmo classificados com essa palavra, costumam ser perigosos e destruidores. 

Embora às vezes sejam vencidos e derrotados. O Premio Nobel Gabriel Garcia Marquez, ficou 6 anos nos EUA, cuidando de um cancer "linfatico". Há 8 anos não tem mais nada, mas vive com muitas restrições. E ele não é presidenciavel, é escritor, que pela propria atividade que exerce, se impõe muitas, diversas, variadas precauções.

Até os anos 50/60 o grande inimigo da humanidade era o coração. Até que nessa epoca, na Africa do Sul e sem muitas condições hospitalares, o doutor Cristian Barnard fez o primeiro transplante de coração.A partir daí, Cleveland entrou no mapa geografico-cardiologico, deixou praticmaente de ser inimigo e foi domado com facilidade.

No seu lugar, na plataforma da calamidade, apareceu o cancer como grande vilão da humanidade. Insensivel, invulneravel e invencivel.

O desenvolvimento politico-eleitoral do episodio, dependerá, é obvio, da questão fisica. A repercussão será longa e duradoura. Digamos que depois dos 4 meses da quimioterapia, Dona Dilma seja considerada completamente curada. Terá dissipado todas as duvidas que na certa se infiltraram na mente do cidadão-contribuinte-eleitor? Ela não é candidata a um cargo qualquer e sim ao mais alto da Republica. 

Não é nenhuma descoberta ou revelação: a candidatura Dilma não une o PT-PT, e na certa muitos se unirão contra essa candidatura. Se antes já usavam a argumentação de que "não tinha peso eleitoral", agora terão a resistencia reforçada pelo doença inesperada.

Dona Dilma terá que dimiuir seu ritmo de trabalho, marca registrada dela, que dava a impressão de não sair nunca do Planalto. Viajava incessantemente, vendendo os investimentos do PAC, e promovendo sua propria candidatura.

Outro problema gravissimo e que surgirá logo: quem será o vice de Dona Dilma, se ela conseguir vencer as tempestades e chegar a outubro de 2010 como presidenciavel?

Há meses escrevi: o Brasil é surrealista, existem mais candidatos a vice do que a presidente. Esse numero de vices cresceu espantosamente. Quem é que não quer ser vice de uma presidenciavel? Que anunciou o proprio cancer, mesmo que apresente um boletim medico com a chance: C-U-R-A-D-A.

PS: Nessa sucessão tumultuada e acumpliciada, surgiu esse fato não apenas doloroso e lamentavel, mas terrivelmente complicador.

5 comentários:

  1. Caro Hélio,

    Acabei de chegar do imterior do Brasil e por lá o Lula é unanimidade.
    Beleza!!!!
    Achei interessante a tese defendida por muitos, e com bons fundamentos jurídicos, de que o Lula se candidate a vice-presidente de Dilma.
    Após permitir que o Lulão descanse uns 06 meses, Dilma se afasta para tratamento de saúde e Lulão volta prá fazer o excelente trabalho que realiza.
    A Constituição veda Lula se candidatar novamente a presidente, porém não impede uma candidatura à vice-presidente.
    Sem golpismo, sem mudança de regras, tá resolvido o problema da sucessão.

    É certo que os grandes jornais já elegeram o Serra mas esqueceram de consultar o povo.

    Será que é por isto que estão todos quebrados e perdendo leitores????

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  2. MEU CARO HELIO: Ótimo seus comentários. Você faz falta na imprensa brasileira, que o Nerychama de venalizada. Siga em frente que estamos aqui para apoiá-lo. um abraço do
    Ciro josé Tavares.
    Brasília, DF.

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  3. Não podemos esquecer que o nosso Vice-Presidente convive (lutando) a mais de 10 anos com câncer. E vai terminar o 2º mandato. Acredito que no caso da Dilma seja possível também o exercício cargo e o tratamento da doença...
    P.s.: Parabéns pelo retorno, mesmo que seja somente no Blog.

    Marcos

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  4. Fiquei muito feliz ao ler o blog do Argemiro hoje, lá estava a volta da Tribuna. Parabéns pelo retorno.
    Carlos Fochesatto

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  5. Parabéns pela volta triunfal, o ultimo jornal sério do Brasil não podia sumir assim!

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